sexta-feira, 7 de maio de 2010

25 anos de ação comunitária do Museu Goeldi e o Bairro da Terra Firme

O Campus de Pesquisa do Goeldi apresenta Mostra que conta a história de parceria entre a instituição e o bairro que a abriga
Agência Museu Goeldi - Mostra organizada pelo Núcleo de Visitas orientadas ao Parque Zoobotânico do Museu Goeldi (Nuvop) divulga os resultados dos 25 anos do projeto “O Museu Goeldi leva educação em ciência à comunidade”. A Mostra apresentará ao público as conquistas, as dificuldades e os desafios enfrentados até hoje pelo projeto, além de contar um pouco da ação comunitária da instituição no bairro da Terra Firme.

Com a exposição de dez banners, também serão lembradas as pessoas que foram importantes para a construção e o desenvolvimento do projeto, sejam elas da comunidade ou do Goeldi. Além desses, desdobramentos do projeto, como o Festival de Gastronomia, que já teve sete edições, e a programação do “Museu de Portas Abertas” também farão parte da Mostra.

A exposição será aberta ao público, sendo a população do bairro, os servidores e os parceiros do Goeldi o foco da Mostra, pois “foram eles os atores principais desses 25 anos”, diz a coordenadora do Nuvop, Helena Quadros. “A comunidade (da Terra Firme) persistiu no trabalho, a instituição assumiu o projeto e só assim ele pôde dar certo”, completa.



Um pouco da história - Nos últimos 25 anos, muito foi alcançado pelo projeto que, de início, era uma política de “boa vizinhança”, mas hoje já ganha outras dimensões. A coordenadora do Nuvop e também organizadora da Mostra, lembra de quando o trabalho começou e como as coisas mudaram.



“As pessoas do bairro não conheciam o Museu como instituição de pesquisa, e nem sabiam que poderiam visitar o Parque Zoobotânico (PZB), porque era coisa de “doutor”, relata. Isso começou a mudar quando, em 1985, se abriu a possibilidade dessa comunidade vir ao Parque sem pagar por meio da concessão de ingressos aos centros comunitários do bairro. Com isso, “eles não só passaram a vir ao PZB, como começaram a compreender o Museu como um todo e se interessar pelo projeto”, observa Helena.



Um resultado dessa aproximação entre o Museu Goeldi e a comunidade da Terra Firme é a participação dos seus moradores nas atividades do Museu Goeldi. Hoje, a instituição recebe tanto monitores ambientais, que trabalham no Parque com o Nuvop, como bolsistas que realizam pesquisa sob a orientação de pesquisadores. “A comunidade já encaminha essas pessoas para o Museu, e já é uma forma de dar continuidade ao projeto, que vai precisar desses jovens no futuro”, conta a coordenadora.



Educação, pesquisa e gastronomia - Outro resultado do projeto foi a parceria entre o setor de educação e os pesquisadores do Museu Goeldi, que se dispuseram e trabalharam em conjunto em diversas atividades ao longo desses 25 anos. “O “Museu de Portas Abertas” é um exemplo disso, já que em 2009 todas as coordenações de pesquisa do Campus receberam a comunidade, o que mostra o envolvimento dos pesquisadores do Goeldi com o trabalho no bairro”, ressalta Helena.



Ainda dentro desse trabalho em conjunto, os trabalhos de pesquisa desenvolvidos com e sobre a comunidade da Terra Firme já geraram artigos científicos, publicações,, participações em congressos, oficinas, viagens, tudo para apresentar o projeto que nunca foi interrompido, apesar das diversas mudanças de gestão.



Além desses, o Festival de Gastronomia Inteligente, que se encaminha para a oitava edição em 2010, também é um desdobramento do projeto. O que de início foi uma oficina, hoje é festival que abrange vários aspectos da alimentação saudável e que é requisitado pela comunidade todos os anos. Segundo Ana Cláudia, também do Nuvop e coordenadora da Mostra, hoje a participação dos moradores nas atividades do Museu é maior e conta, inclusive, com jovens e professores do bairro.



Para o futuro - Essas e muitas outras atividades do projeto geraram, então, um conhecimento e uma aproximação entre a comunidade do Museu Goeldi e a do bairro da Terra Firme, mas não só isso. “O nosso trabalho quebra a ideia de Museu como “coisa antiga” e distante que os moradores tinham, e mostra que o Museu Goeldi não é assim tão longe”, diz Ana Claúdia. Ao que Helena Quadros completa dizendo que a comunidade tem amor pelo Museu. “Só isso explica a permanência deles no projeto por tanto tempo, e hoje já incentivam os mais novos a participarem”, explica.



Sobre a continuidade do projeto, Ana Cláudia conta que expectativa dos mais antigos em relação ao projeto é maior que a dos jovens, pois eles já conhecem o trabalho e sabem o que pode resultar para eles. “Os mais novos ainda estão conhecendo o projeto, mas já têm uma noção de responsabilidade, já que são eles que vão ter que levar o projeto a diante”, finaliza.



A exposição será inaugurada dia 16 de maio no Parque Zoobotânico, quando o Museu Goeldi inicia as programações da Semana Nacional de Museus. Logo depois, no dia 18, a Mostra vai para Campus de Pesquisa da instituição, onde ficará até o dia 21 de maio, quando se encerra o Seminário “Ecomuseus e Museus Comunitários: Uma Nova Proposta ao Bairro da Terra Firme, que também abordará a celebração dos 25 anos do projeto. Após esse período, a exposição segue para vários centros comunitários da Terra Firme e se mantém em atividade até o fim do mês de maio.



Texto: Vanessa Brasil

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